sábado, 4 de julho de 2009

Visão


Em um estalido de tempo, sentada em meu sofá amarelo, percebo que tenho a vida que sempre sonhei em ter. Aos 45 anos, tenho um projeto se iniciando; vejo que as vendas de meus pães não cresceram mas sinalizam que é hora de pensar em uma etapa nova; procuro repensar meus blogs e me organizar de um modo mais prático.

Sempre enxerguei a vida dos outros como o certo. A minha era vivida em um sonho, como se não pudesse seguir a estrada que leva a caminhos diferentes dos que optaram por estradas mais seguras. Uma angustia tomava conta de meu coração cada vez que via o sistema com suas garras mostrando que o conforto da sua verdade era o que teria que ser seguido. Afinal, a estabilidade é o que conta. Estabilidade entrecortada por outras angustias que são sinalizadas por olhares sem brilhos ou por discursos repetitivos que têm como objetivo convencer que a única maneira de ser feliz é conquistando os valores criados por outros camuflados.

Então, depois de tantas crises, que sei que ainda retornarão, depois de tanto tempo de espera, posso sentir que estou renascendo. Um tanto estranho isso me soa porque na verdade, atualmente, tudo acontece cedo demais, todos são tão eficientes... E recomeçar é tão difícil. Lutar para que seus sonhos, mesmo os que já mudaram, se tornem realidade é um ato de coragem em um país em que talentos e vocações se anulam em função de concursos públicos.

Na verdade, a coragem esta estabelicidade em qualquer dos lados: seja sonhar ou "concursar". Ambos requerem uma dose de dedicação e renúncia. Cada um sabe a dor e a delícia de suas próprias escolhas... Lembro-me da música.

Tudo é válido, menos desistir. Fraquezas e arrependimentos fazem parte da estrada. Tentar viajar rumo ao coração , ao íntimo é o desafio. O grande objetivo é descobrir o ritmo que nos toca e que nos faz bailar, sambar ou sapatear na busca da realização. Aceitar que se não for o ritmo ditado por todos é o que nos toca o coração e nos faz caminhar mesmo tropeçando.

E assim, faço descobertas das mais preciosas e que estavam todo tempo dentro de minha alma, encobertas pelo medo, pela insegurança... Meu coração acelera suavemente e, simplesmente, sorrio para a certeza que renasce em um estalido de tempo.

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