domingo, 11 de maio de 2008

Obra de arte


Faço pães. Misturo farinha, sal, água com especiarias, grãos, passas, nozes, alecrim, ervas finas, açúcar mascavo, que inundam minha cozinha com aromas indicando que esta alquimia é a certeza que a nova escolha que fiz para mim é correta.
Olho para minha obra e vejo que continuo no caminho artístico que tanto quis seguir e não consegui. Tentei dançar, atuar, desenhar... Na verdade, por medo, saí pela tangente e fui dar aulas de artes para crianças.
Percorro o caminho de volta a mim mesma e vejo que o medo, a insegurança foi companheira constante. Mas o quê passou, passou e então resolvi “futucar” meu coração e escolher uma outra paixão. Deixei para trás sonhos e acabei por perceber que sou múltipla. Que sonhos não precisam ser eternos, mas que mesmo com uma pontinha de frustração, podemos criar novas estradas para nosso coração.
Meus pães promovem a delícia das coisas boas, o aconchego da comida caseira, o prazer dos aromas que invadem espaços e despertam sentidos. E acima de tudo contribuem para me fazer perceber que posso tudo, que consigo dar a volta por cima e que os obstáculos estão aí para serem contornados.
Vejo o meu quadro e me sinto orgulhosa! Eles são obras de arte como as pinturas do meu lindo marido, Celso Mathias.

Meu presente para Julia

Mãe, dizem que hoje é o dia das mães. Acho que é porque precisavam de uma pausa, uma trégua no corre-corre diário e assim, compensar a falta de atenção para as gentilezas que já se tornaram tão corriqueiras.
Então ao perder o sono, resolvi escrever e lembrar os pequenos momentos vividos com você e que se transformaram em eternidade na minha memória. É o meu presente para Julia.
Um deles se passou na sala imensa e vazia do apartamento na 307, que foi um parque de diversões para os pequenos que aí estão, onde eu assistia televisão e observava não o quê era transmitido, mas você, com uma bacia “prateada” enorme no colo, simplesmente cortando em pequenos pedaços cebolinha, que serviria para temperar a comida que mais tarde acalantaria minha alma. Como você era a representação da paz em um gesto tão simples! Vi, também, você correr em liberdade pelo quintal na chácara da vó, com olhar brilhando de felicidade. Recordo o instante em que no fim da tarde, quase noite, fomos à praia de Copacabana com Diogo, Juliana e Nicolas que brincavam enquanto você fazia ioga; da caixa que enviou quando mudei da casa da tia Advany e encontrei meu ursinho, que hoje dorme na cabeceira da minha cama e que me trouxe tanta felicidade; do dia em que fomos às compras pelas ruas do Leblon e Ipanema e almoçamos um sanduíche mínimo em uma livraria da moda...
Os momentos são muitos e sei que até mínimos diante das brigas que tive com você durante esses quarenta anos, mas creia que meu amor é eterno. A minha admiração, diante das suas mudanças, tão sofridas às vezes, é imensa! Que sinto muitas saudades, que adoro seu nome, sua comida, seus passeios, seu centrinho lá nas “setecentas”, sua dedicação, suas risadas, seus telefonemas, sua cozinha, suas palavras, suas músicas e tudo aquilo que a felicidade de te ter como mãe me faz vivenciar.
Te amo muito e neste dia estarei com você em pensamento e alma.
Feliz dia das mães, ou seria feliz dia dos filhos que te têm como mãe? Não importa pois o meu coração esta acalantado e assim, na calmaria da noite faço uma pausa para estar perto de você e te ter comigo nesta homenagem.
Te amo muito!