quinta-feira, 14 de julho de 2011

Não estamos sozinhos

 Quando estamos frágeis, a vida nos presenteia com o inesperado...
Obrigada Mila pelas palavras!
 

Retirada do blog: http://bosquesdealim.wordpress.com/2011/06/29/tudo-passa/
Tenho me sentido muito feliz com os rumos da vida, mesmo com as sinuosidades, o ziguezaguear do percurso e cada vez mais trago a certeza de que uma coisa leva a outra, que leva a outra e vai levando… Assim, de forma simples, numa sucessão de pequenos acontecimentos relevantes. Todos os dias há tarefas que precisam de atenção. Falo de tarefas básicas como trocar a água dos animais, encher seus comedouros, varrer o chão, ler um livro. Penso que quando fazemos as coisas com prazer, algo invisível começa a acontecer. Atraímos mais atividades prazerosas, pessoas que estão afinadas conosco e que sempre têm algo interessante para nos ofertar. Após uma fase conturbada em que vi, literalmente, meus sonhos desmoronarem da noite para o dia, descobri que é preciso enfrentar o luto e senti-lo com toda a intensidade. Apesar da dor, todo acontecimento nos traz clareza. É como se estivéssemos envolvidos em brumas espessas que nos tornam incapazes de enxergar um palmo diante do nariz. Nestes instantes tudo parece desaparecer, perdemos a nossa referência e acreditamos que é uma condição permanente. “Tudo passa”, uma voz nos diz bem no âmago do nosso ser. Tudo passa, mas temos pressa. Só que nós não podemos controlar o tempo. O que fazer diante de uma situação tensa em que todo evento se mostra intenso demais a ponto de acreditarmos que não somos capazes de suportar? A medida mais sensata é viver e deixar-se envolver pelos acontecimentos procurando extrair deles a clareza necessária para nutrirmos nosso espírito com a experiência. Quando alcançamos isso, chega o momento tão esperado… O momento em que “tudo passa”. É como se estivéssemos vivendo um outono em nosso microcosmo. Um momento em que é preciso sentir profundamente a renovação. Nossas “folhas” caem e por isso nos sentimos vazios. Não é um sentimento dos melhores. Nos despimos de todo e qualquer pensamento coerente. Tudo parece confuso, amontoado como folhas amarronzadas sobre as raízes da nossa árvore. Mas não podemos retirá-las de lá. São elas que nutrirão o nosso solo carente de novas substâncias e é doloroso o processo de decomposição das velhas ideias, conceitos. É preciso. Quando o inverno chega, a melancolia é embalada pelo aconchego. Nos abraçamos como se existisse uma nova pessoa bem na nossa frente, um novo Eu que precisa ser aceito e acariciado. Um Eu desprotegido que, nesta fase de transição, precisa ser envolvido, aquecido. Nesta aproximação repleta de abraços e ternura, transferimos a nossa essência, aos poucos, aguardando uma primavera abundante de novos sonhos e projetos. Nos fundimos com o nosso Eu renovado e podemos vislumbrar a claridade. Caminhos que, antes, estavam envolvidos pelos véus brumosos dos nossos pesares, se descortinam, se mostram esplendorosos. E, aí sim, temos a certeza de que tudo passa. Post escrito por Mila Viegas em 29 de junho de 2011